Esta a preparar alguma surpresa?
Nós estamos nessa luta, e com certeza vamos ter surpresas.
O facto de ter sido nomeado para estar à frente desta comissão um militar não logo a partida uma barreira para a investigação?
Não, até para muitos como eu, talvez tivesse sido a abertura de uma luzsita que alguma coisa boa iria sair daí, porque os militares são pessoas que gostam de ser livres. Mas o Higino mostrou aqui que é um militar de carreira, mas que esta submisso as ordens dos políticos. Está numa hierarquia política e ele não conseguiu desfazer-se desse que é casaco de forças e assumir a sua personalidade. O MPLA vincou o que queria, e começou a fazer isso desde o momento que foi ditado a composição da própria CPI, onde 97 por cento dos representantes eram deste partido, com um da UNITA, outro da FNLA e um do PRS, que se abstiveram, infelizmente foi a charada que nós tivemos.
Podia nos contar detalhadamente os acontecimentos do Huambo?
A primeira coisa que fiz, uma vez que me encontrava no Huambo, foi ter levado o secretário provincial do Huambo, Liberty Chiaka e depois disso o senhor presidente, que também passou por lá, falou com as autoridades sobre a presença desse novo quadro naquela área, e depois disso ele começou a fazer-se apresentar em todos os municípios e comunas, e fê-lo de uma forma muito extensiva. A parte final da sua visita ia culminar exactamente no município do Bailundo, isto no dia 31 de Janeiro, ele foi visitar o município do Lunji, e muita gente das redondezas foram assistir ao comício, e eu, que neste período me encontrava na aldeia do meu pai, que é ali ao lado, também fui assistir, deram-me a palavra, inclusive, falei um pouco, mas nao era o anfitrião, o anfitrião era o Liberty, depois separamo-nos. As populações voltadas daquele comício muito motivadas começaram a colocar bandeiras nas suas aldeias. E aconteceu o mesmo na minha aldeia, e numa outra ao lado, e foi nesta outra onde se deu a confusão, na aldeia do Chissassa. O soba retirou as bandeiras, e a população depois de se aperceber foi tirar satisfação. E o povo disse, “se o soba tirar a bandeira da UNITA, então nós tambem vamos tirar a bandeira do MPLA”. E a partir daí houve desentendimentos, ao ponto do soba sentir-se ameaçado, uma vez que era quase toda a população da aldeia. E o soba teve de fugir para a regedoria, que criou condições, dando uma motorizada para ele puder ir até à aldeia do Munji queixar-se as autoridades. E as autoridades sem mandato de captura, sem nada, prenderam a elite mais importante daquela aldeia. E foi assim que prenderam o professor António Kaputu, história que vocês já conhecem. Quando eu soube, na altura encontrava-me no Bié, achei porém que deveria intervir, uma vez que acompanhei de perto essa história, e já há muito tempo que venho acompanhando a história da intolerância no Huambo. Por isso achei por bem encontrar uma forma de fazer ressurgir essa causa por todo o país, e foi assim que iniciámos a greve de fome. Depois disso os meus colegas parlamentares pediram que fosse criada uma comissão de inquérito para averiguar os casos de intolerância na província do Huambo.